"Primeiro palestrante do dia, o filósofo, ensaísta e professor espanhol Gonçal Mayos Solsona, da Universidade de Barcelona, tratou da importância da formação humanística do magistrado. Partindo de conceitos introduzidos por nomes como Aristóteles, Platão, Immanuel Kant e Nicolau Maquiavel, ele abordou a importância de a Justiça cultivar, em seu espectro de ações, o elemento social inerente à natureza humana – cujo vínculo tem o poder de “manter a sociedade funcionando de modo cooperativo e harmônico”.
Nas palavras de Mayos, além dessa natureza social, o ser humano tem um impulso individual, de livre-arbítrio, capaz de apartar cidadãos quando se torna preponderante. “Cabe ao Judiciário atuar para inibir sentimentos de iniquidade e de injustiça, mediante a institucionalização de um processo de cura dos males que fazemos a nós mesmos”, defendeu. “Sem essa relação, que é uma relação filial, as feridas sociais se ampliam, resultando num aspecto doloroso capaz de romper o espírito coletivo com que construímos as leis”.
“O magistrado tem que salvaguardar a literalidade da lei, mas, ao mesmo tempo, atentar para as pequenas injustiças contidas nas decisões judiciais, porque a injustiça tem consequências terríveis para a sociedade, corrói, deprime e tem efeitos cumulativos que afetam e diminuem o indivíduo em si e a toda sociedade”. Com esse alerta, o filósofo espanhol Gonçal Mayos Solsona, conclamou magistrados federais e estaduais que participaram nesta tarde (4/9) do curso “A Importância da Formação Humanística do Magistrado – Uma comparação filosófica Europa/América Latina” a olhar o conceito de Justiça por outro aspecto.
O doutor e mestre em História da Filosofia pela Universidade de Barcelona palestrou no início da tarde no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e trouxe questionamentos a respeito da injustiça e do impacto “terrível” da falta de justiça nas decisões do Poder Judiciário e na sociedade moderna. “A injustiça acaba corroendo a sociedade e os vínculos entre seus Poderes. Calar diante da institucionalização da injustiça dissolve os vínculos sociais e gera insegurança e desconfiança na sociedade”, afirmou Mayos Solsona.
Para ele, os magistrados que têm como dever trabalhar pela justiça, devem levar cada vez mais em conta a “profunda intolerância humana à injustiça”. Solsona traçou um paralelo entre as reações do cidadão a injustiças naturais e sociais. Na avaliação dele, as naturais, como as recentes inundações em Houston (EUA), provocam a solidariedade humana e a empatia, enquanto as injustiças causadas pelo homem, desagregam. “A institucionalização da escravidão e da corrupção, por exemplo, enfraquecem a sociedade como um todo, provocando efeitos negativos e gerando discórdia”, refletiu o professor da Universidade de Barcelona.
“É preciso evitar que as sentenças contenham pequenas parcelas de injustiças, porque elas têm efeitos cumulativos”, observou. Mayos Solsona reiterou aos magistrados a importância do resgate do conceito grego de “Philia”, que pode ser traduzido como amizade, amor ou, como ele acha melhor: vínculo entre as pessoas. “As instituições são nossa segunda natureza, já que não temos armas naturais enquanto ser humano. Nossa maior capacidade é criar esta outra natureza coletiva: o Direito, a política, a cultura, a tecnologia, porque somos seres “hipersociais”, com capacidade de cooperar e viver em sociedade”, analisou o filósofo.
O espanhol disse também que é um desafio para o magistrado exercitar o olhar multidisciplinar sobre suas decisões. “O juiz analisa conflitos, toda a problemática da sociedade passa por ele, que deve dispor de diversas áreas do conhecimento para tomar sua decisão”.
Para ele, os magistrados que têm como dever trabalhar pela justiça, devem levar cada vez mais em conta a “profunda intolerância humana à injustiça”. Solsona traçou um paralelo entre as reações do cidadão a injustiças naturais e sociais. Na avaliação dele, as naturais, como as recentes inundações em Houston (EUA), provocam a solidariedade humana e a empatia, enquanto as injustiças causadas pelo homem, desagregam. “A institucionalização da escravidão e da corrupção, por exemplo, enfraquecem a sociedade como um todo, provocando efeitos negativos e gerando discórdia”, refletiu o professor da Universidade de Barcelona.
“É preciso evitar que as sentenças contenham pequenas parcelas de injustiças, porque elas têm efeitos cumulativos”, observou. Mayos Solsona reiterou aos magistrados a importância do resgate do conceito grego de “Philia”, que pode ser traduzido como amizade, amor ou, como ele acha melhor: vínculo entre as pessoas. “As instituições são nossa segunda natureza, já que não temos armas naturais enquanto ser humano. Nossa maior capacidade é criar esta outra natureza coletiva: o Direito, a política, a cultura, a tecnologia, porque somos seres “hipersociais”, com capacidade de cooperar e viver em sociedade”, analisou o filósofo.
O espanhol disse também que é um desafio para o magistrado exercitar o olhar multidisciplinar sobre suas decisões. “O juiz analisa conflitos, toda a problemática da sociedade passa por ele, que deve dispor de diversas áreas do conhecimento para tomar sua decisão”.
Após a palestra, que contou com a coordenação do diretor da Emagis, desembargador federal Victor Luiz dos Santos Laus, houve uma mesa redonda sobre o assunto com o filósofo espanhol, presidida pelo juiz federal Artur César de Souza. Participaram dos debates o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), Cláudio Luis Martinewski, a juíza federal Ana Cristina Monteiro de Andrade e Silva e o professor e pesquisador André Luiz Freitas Dias.
O evento foi promovido pela Escola da Magistratura (Emagis) e buscou refletir sobre o processo de formação e aperfeiçoamento do magistrado a partir de uma visão ética e humanista."
O evento foi promovido pela Escola da Magistratura (Emagis) e buscou refletir sobre o processo de formação e aperfeiçoamento do magistrado a partir de uma visão ética e humanista."
Segundo palestrante, o professor André Luiz Freitas Dias, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), relatou sua experiência à frente do Programa Polos de Cidadania, do qual é um dos coordenadores. Criado em 1995, o programa é uma iniciativa interdisciplinar e interinstitucional de ensino e pesquisa voltada para a efetivação dos direitos humanos e para a construção de conhecimento a partir do diálogo entre os diferentes saberes.
Especialista em conflitos de alta complexidade, ele alertou a respeito do isolamento dos juízes no exercício de suas funções e do perigo de caminharmos em uma direção de “superespecialização” dos magistrados. “Vivemos tempos de fragmentação, em que os espaços de reconhecimento mútuo e construção coletiva estão se reduzindo”, explicou. “Por mais que haja investimento na formação de juízes, precisamos reconhecer e enfrentar o problema de termos magistrados atuando cada vez mais de modo isolado em seus processos decisórios”.
Para o professor da UFMG, a solução passa pela criação de um “espaço de filia” – conceito também explorado por Gonçal Mayos Solsona–, ambiente por meio do qual é possível ampliar vínculos de confiança e diálogo entre os diferentes atores envolvidos."
Noticia de mi conferencia y del Prof. Dr. André Freitas Dias del 4-9-2017 sobre "A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO HUMANÍSTICA DO MAGISTRADO: de la hipersociabilidad a la macrofilosofia" en el Curso de Formação de Formadores de la Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, ENFAM Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira (Brasilia) bajo coordinación del Juiz Federal Marco Antonio Barros Guimarâes.
Noticia de mi conferencia del 4-9-2017 (14h). Hablé de "A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO HUMANÍSTICA DO MAGISTRADO: de la hipersociabilidad a la macrofilosofia" en la Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, ENFAM, y EmagisTRF4 (Auditório do TRF4 - Porto Alegre/RS) bajo coordinación del Juiz Federal Artur César de Souza.
No comments:
Post a Comment